Quando o coração mora em dois lugares: saudade, culpa e os afetos que resistem à distância
- Marina Furtado

- 16 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de jul.
Morar longe — seja em outro país ou simplesmente em uma nova cidade, distante da família, amigos e rede de apoio — é uma escolha que exige coragem. É um recomeço que vem acompanhado de muitas camadas de sentimento, nem sempre fáceis de nomear. Há a empolgação com o novo, a construção de uma nova rotina, o orgulho de se reinventar. Mas, em meio a tudo isso, há também um tipo de ausência que se infiltra nos dias mais silenciosos: a saudade de quem ficou.
Estar longe de quem a gente ama, mesmo que dentro do mesmo país, ainda é estar longe. É viver com o desejo constante de estar perto, misturado à realidade de não poder. É saber das pequenas coisas por mensagens, acompanhar à distância o que antes era vivido lado a lado. É sentir que falta uma parte da gente em tudo o que vivemos.
Essa é uma dor silenciosa. Uma mistura de alegria pelo que se conquista com um fundo constante de culpa por não estar lá, por não poder ajudar, por não compartilhar os momentos simples do dia a dia. Uma culpa que nasce do amor. A gente ama tanto que queria estar presente em tudo. Mas também estamos construindo algo valioso: uma nova versão de nós mesmos, uma oportunidade profissional importante, a realização de um sonho.
Eu não sei qual é o seu motivo, mas sei que não é fácil. E que dá para transformar esse sentimento em algo maior, com propósito. A saudade pode ser transformada em presença de outras formas. Seja com uma ligação feita com calma, sem pressa, ou uma mensagem dizendo simplesmente: “pensei em você hoje”. São gestos simples, mas cheios de afeto. E é assim que os vínculos se sustentam, mesmo quando o abraço precisa esperar.
Como psicóloga, e como alguém que também vive longe de casa, venho aprofundando meu olhar para o cuidado emocional de quem vive essa experiência. Morar longe é, muitas vezes, viver entre mundos. Um pé lá, outro cá. Um coração dividido entre o que se constrói e o que ficou. É uma vivência delicada, que merece escuta e acolhimento.
Se você também sente que a saudade pesa, se às vezes a solidão aparece, se a culpa insiste em visitar seus dias… saiba: você não está só. Esse espaço aqui — e tudo o que venho construindo também no Instagram — é pra você.
Pra que você se sinta menos sozinho nesse caminho.
Pra lembrar que dá pra seguir, mesmo com o coração dividido.
Dá pra cuidar dos vínculos.
Dá pra cuidar de você.
Com carinho,
Marina.



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